O Jardim do Marquês

O bocadinho que ali estive, além de ter dado para desfolhar o JN do dia, permitiu-me observar a dinâmica e a envolvência daquele espaço. Uma zona de circulação pedestre em terra batida, uns arbustos, umas árvores, um coreto, um quiosque de revistas e jornais, muitas pessoas a passar e, mais espantoso, um numeroso grupo de homens, todos acima dos 50 de idade, a jogar cartas e a conviver à volta dumas mesas e bancos de pedra.
Achei delicioso o facto daquele jardim, apesar do seu aspecto "desactualizado" e "desconfortável" para qualquer arquitecto dos nossos dias, revelar tanta vida em si mesmo.
O estar ali transportou o meu pensamento para outros locais, noutras cidades, que foram objecto de intervenções urbanísticas. Sítios que já foram uma referência, autênticos pontos de encontro que, com o passar dos anos, mesmo requalificados, com mobiliário urbano ultra-moderno, deixaram de ter vida.
O Jardim do Marquês não se actualizou... Está ali, no meio das ruas e do trânsito, alheio ao progresso. Mas, talvez por isso, o Jardim permanece com tanta vida. É que são as pessoas que tornam os sítios especiais e aquela malta toda que por ali pára, certamente, há muitos anos, sente-se bem ali, num espaço cujos elementos identitários permanecem inalterados. Uma prova inequívoca de que há valores que o conforto e a modernidade não substituem.
1 Comments:
Caro amigo NUNO
Há mais jardins assim no Porto. Lembro-me de um, há alguns anos atrás, onde morava uma tia minha: Arca d'Água... era tal e qual.
abraço
Enviar um comentário
<< Home