Código da Vivência

quarta-feira, 8 de março de 2006

Trânsito condicionado!


Amanhã é mais um dia de trabalho para o comum dos portugueses. Certamente que o tema dominante das conversas entre colegas de trabalho será a vitória do Benfica em Liverpool. Mas amanhã é um dia especial para a Nação. Cavaco Silva toma posse como Presidente da República num dia verdadeiramente alucinante de cerimónias oficiais. Em relação a esta sucessão, já em Janeiro deixei aqui no Código a minha opinião. Aguardo com alguma curiosidade o seu discurso de tomada de posse que promete homenagear Jorge Sampaio e perspectivar os próximos cinco anos do país.
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Quinta-Feira, às 21:30, na RTP1
Nos últimos meses a RTP acompanhou os principais momentos da vida do presidente da República, registando imagens inéditas e surpreendentes.

Numa reportagem única, revelam-se os bastidores de uma noite eleitoral vivida no Palácio de Belém; o telefonema de parabéns a Cavaco Silva e os cumprimentos a Mário Soares e Manuel Alegre. E ainda, em testemunhos exclusivos, Jorge Sampaio relata os momentos difíceis das demissões de António Guterres, Durão Barroso e Santana Lopes.

6 Comments:

At quarta-feira, março 08, 2006, Blogger Pé de Salsa disse...

Sempre atento e oportuno!
É muito agradável "passear" diariamente pelo Código da Vivência.
Ainda há quem diga que os nossos jovens não se interessam pelo que se passa em seu redor...mas esses...não sabem o que dizem!
Caro Nuno, parabéns!

 
At quinta-feira, março 09, 2006, Blogger Nuno Q. Martins disse...

Correndo o risco de estar a ser juíz em causa própria, acho que a juventude interessa-se por aquilo que lhe diz respeito. Por vezes não se dá conta é do carácter globalizante das questões.
Penso que as principais lacunas dos jovens de hoje residem na ausência de valores e de referências. Mas essa é uma consequência das profundas transformações que as gerações anteriores conheceram. Não é possível voltar para trás no tempo mas acredito que a humanidade ainda está a aprender e a adaptar-se a um novo ritmo de vida. Digamos que vivemos na fase do entusiasmo, aquela que se vive intensamente. Tenho fé que um dia chegará um tempo de reflexão, mas tenho, simultaneamente, receio dos motivos que a origine.

Cumprimentos Pé de Salsa.

 
At quinta-feira, março 09, 2006, Anonymous Anónimo disse...

Não votei no Cavaco e não acredito que venha a ser um bom presidente da República. É capaz, de facto, de perceber de economia, e muitos portugueses votaram nele por isso, mas essa nem sequer é uma das competências do cargo.
Cavaco Silva tem uma cultura geral sofrível, um português (estou a falar da língua) medíocre e uma gritante incapacidade de comunicação. Não é, para mim, uma garantia mínima do cumprimento da Constituição Portuguesa pelo órgão legislativo, nem sequer um bom “embaixador” do país no estrangeiro.
Durante o período em que foi primeiro-ministro faltou-lhe, na minha opinião, aquilo que tem faltado também aos seus sucessores, que é coragem política para resolver o problema mais grave do nosso país: a fraude fiscal, e de uma promessa (o seu primeiro mandato foi excelente) passou a mais um político de discursos redondos e inconsequentes. Tenho pena.
Um abraço, Nuno.

 
At quinta-feira, março 09, 2006, Blogger Nuno Q. Martins disse...

Caro Ivar,

Eu também não votei em Cavaco mas, ainda assim, isso não quer dizer que não ache que possa ser um bom PR. Mas isto dos prognósticos, só no fim. (*)

Apesar de Cavaco Silva não ter um traço psicológico com o qual eu simpatize particularmente, parece-me ser uma pessoa bem formada e bem intencionada. Acredito que a experiência que teve enquanto PM e o amadurecimento próprio da idade tenham construído uma personalidade política mais aberta, mais dialogante, mais cooperante.

Também acredito que Cavaco Silva não será o "Presidente da direita". Acho que Cavaco soube aproveitar o apoio desses partidos tendo em vista o eleitorado necessário para ganhar mas, actualmente, já não precisa de nenhum partido para ter voz. O cargo que a partir de hoje ocupa também não está dependente de apoios partidários. Depende muito mais do apoio da população que se revê mais depressa numa figura independente do que em alguém ao serviço dos interesses do partido A ou B.

Hoje, no seu discurso, Cavaco apontou 5 desafios correspondentes (ou não) - é o que vamos ver - aos 5 anos de mandato. Desafios óbvios e de amplo consenso na conjectura actual. Não disse nada de novo. Reafirmou as prioridades do Governo. E, no pouco que vi à hora de almoço nos telejornais, guardei duas declarações que materializam uma postura que se pretende supra-partidária:

- "realizar obra em comum" (com o Governo, entenda-se)
e
- ter em atenção que "as nomeações devem obedecer a critérios de competência e não a imposições partidárias" (o facto de sentir necessidade de afirmar isto num discurso institucional quando -penso eu - deveria ser um dado adquirido perturba-me de alguma forma...)

(*)Posso estar muito enganado, mas julgo que se tiver saúde e num cenário político normal, Cavaco vai ocupar Belém nos próximos 10 anos.

Por último, ouvi um apontamento curioso na rádio. Quando Cavaco chegou à AR, alguns populares encontravam-se na zona e aplaudiram timidamente o novo PR. Passados alguns minutos, quando chegou Jorge Sampaio, os aplausos foram bem mais efusivos. A simpatia do ex-PR no "povómetro" (no qual me incluo), interpreto-a como expressão da sua inteligência e não de qualquer populismo típico de "politiqueiros" provincianos.

Cavaco tem em Sampaio uma referência, não um fantasma. Para bem dele e de nós, espero que saiba retirar os respectivos dividendos desse factor.

Um abraço.

 
At quinta-feira, março 09, 2006, Blogger Pé de Salsa disse...

"Cavaco tem em Sampaio uma referência, não um fantasma. Para bem dele e de nós, espero que saiba retirar os respectivos dividendos desse factor."

Análise objectiva fantástica!
Faço minhas (se me permite) as suas palavras.
Parabéns Nuno!
Cumprimentos.

 
At sexta-feira, março 10, 2006, Blogger Nuno Q. Martins disse...

Obrigado Pé de Salsa.

Acho interessante ver como a maioria dos analistas políticos interpreta os poderes presidenciais, esquecendo-se (propositadamente talvez...) que esses mesmos poderes devem ser exercidos discretamente por forma a não transformar o PR em mais um "político" sujeito às polémicas do quotidiano. Sou da opinião que a voz do PR deve-se fazer ouvir nos momentos-chave e não na barulheira constante que caracteriza o meio político no dia-a-dia. Prefiro um PR que exerça a sua "magistratura de influência" junto dos agentes, contribuindo assim para a paz social, a mediação de conflitos e o reforço da confiança nas instituições democráticas. É óbvio que estes conceitos devem ser articulados com uma visão de estado, um sentido político e de oportunidade que dependerá da própria personalidade e das acessorias de quem desempenha o cargo.

Pode não ter sido perfeito (alguém é?) mas acho que Jorge Sampaio se enquadrou muito bem nesse perfil e a dignidade da Presidência da República saíu reforçada.

Cumprimentos.

 

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