Código da Vivência

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Sentir a evolução... todos os dias.


«Conhecer os outros é inteligência, conhecer-se a si próprio é verdadeira sabedoria. Controlar os outros é força, controlar-se a si próprio é verdadeiro poder.» (*)

Estas primeiras semanas de 2010 têm sido frias, chuvosas e ventosas. Inevitavelmente, o clima exerce sobre nós, comuns mortais, uma influência no nosso ânimo. É diferente acordar, abrir a janela e deixar entrar os raios de sol, ou, nem sequer ter vontade de abrir a janela porque se conseguem ouvir os pingos da chuva e a força do vento lá fora.

As minhas expectativas em relação ao meu estado de espírito são as mesmas em relação ao clima, ou seja, espero e tenho a convicção que vai melhorar. E esta expectativa vai sendo o bálsamo no dia-a-dia, no sentido de fazer agora o que está ao meu alcance para, assim que o tempo melhorar, eu possa estar em condições de o desfrutar.

E este sentimento até que não é mau. É bem melhor do que aquele que me faz sentir que, independentemente do tempo que possa fazer, o meu estado de espírito não se irá alterar.

O ano de 2009 confrontou-me com vivências que me abalaram muitas convicções. Tive que reconstruir todo um edifício que, julgava eu, tinha alicerces capazes de durar toda uma vida. Puro engano.

O bom, é que agora sinto que o edifício reconstruído é bem mais consistente e harmonioso com os meus anseios. Foi como que o despertar de um grande sono de conformismo que me impediu de sentir a vida na sua plenitude e, por conseguinte, de sentir o prazer da evolução em mim.

Quem me foi lendo nesta casa, desde que a reabri em Janeiro, foi acompanhando este processo evolutivo.

«Aquele que obtém uma vitória sobre outros homens é forte, mas aquele que obtém uma vitória sobre si próprio é todo-poderoso.» (*)

Hoje, apesar do edifício dos princípios e dos valores ser o mesmo, sinto-me como se morasse numa casa nova. Mais iluminada pela confiança de melhor compreender os meus sentimentos e os dos outros. E, neste particular, tenho a convicção que 2009 me proporcionou uma das maiores conquistas pessoais da minha vida. Uma espécie de descoberta da fórmula espiritual para compreender sentimentos que nunca senti e cujas manifestações só as consigo apreender através dos outros. Não é fácil explicar isto, talvez por ainda ser algo novo em mim, mas transmite-me uma sensação de maior domínio sobre os meus sentimentos e os meus anseios. A aceitação natural da diferença, decorrente duma melhor compreensão da natureza humana, torna-me mais tolerante com os outros mas, sobretudo, comigo próprio.

Sinto que a paz interior que hoje sinto me custou muito a alcançar. E, talvez por isso, me preocupe tanto em preservá-la, permanecendo num incessante exercício reflexivo-espiritual que não me deixe perdê-la. É que, com esta tranquilidade que é sentida e não apenas aparente (continuo a admirar-me com a dimensão e o poder desta descoberta em mim), consigo integrar de forma espontânea as incidências da vida, sejam elas alegres ou tristes.

«Quem conhece os outros é um sábio. Quem conhece a si mesmo é um iluminado.» (*)

Não sei quanto tempo é que a vida ainda me reserva mas, enquanto por cá andar, quero continuar a sentir esta evolução em mim. Todos os dias.

(*) Citações de Lao-Tsé, Filósofo Chinês.

5 Comments:

At quarta-feira, janeiro 27, 2010, Blogger Duque de Requeixo disse...

Se me permite cumprimento-o pela reflexão e pela humildade com que a transmitiu. Demonstrou ser uma pessoa equilibrada e de uma inteligência invulgar.
Gostaria de deixar este apontamento:

A procura do saber é indissociável também do conhecimento de nós mesmos. Daí o facto de Sócrates ter tomado como seu lema, a divisa do templo de Delfos:
"Conhece-te a Ti Próprio"
Contra um conhecimento revelado a partir do exterior, Sócrates, aponta para um que se revela a partir da auto-descoberta do próprio indivíduo.
O despertar de Sócrates para a filosofia terá começado de uma forma muito singular.
Certo dia, a instâncias do seu amigo Querofonte, a pitonisa do Oráculo de Delfos, afirmou que entre todos os homens Sócrates era o mais sábio. Este estava longe de poder aceitar esta apreciação dos deuses a seu respeito.
Ele limitava-se a procurar o saber, a interrogar todos aqueles que afirmavam possuir o saber, como os sofistas.
Ora, quanto mais investigava, mais problemas se lhe levantavam.
Ficou célebre a sua afirmação:
"Só sei que nada sei"
Como poderia ser considerado o homem mais sábio de todos, quando ele próprio reconhecia a sua própria ignorância?

Cordias saudações

 
At quinta-feira, janeiro 28, 2010, Blogger Nuno Q. Martins disse...

Caro "Duque de Requeixo",

Agradeço as palavras elogiosas, mas exageradas que me deixou.

Obrigado, ainda, pelo apontamento sobre Sócrates que é, sem dúvida, uma fonte de inspiração para mim, bem como, o seu discípulo Platão. Efectivamente, partilho da ideia de que "sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância". No entanto, penso que a sapiência a que Sócrates se refere é o passo que se segue ao reconhecimento da própria ignorância, i.e., a capacidade do Ser se abrir ao conhecimento partilhado: "A verdade não está com os homens, mas entre os homens".

Em suma, já abusando das citações do "nosso" Homem, sou a concordar plenamente que "a vida que não passamos em revista não vale a pena viver".

Obrigado pela visita.
Volte sempre!

Cumprimentos.

 
At domingo, janeiro 31, 2010, Anonymous Anjo de Sofia disse...

"Quem conhece os outros é um sábio. Quem conhece a si mesmo é um iluminado."

E quem conhece a si mesmo tem acesso aos scripts da criação divina.

Abraço fraterno.

 
At sexta-feira, fevereiro 05, 2010, Anonymous C Rodrigues disse...

Digo sempre isto quando chove, se não houvesse esses dias de chuva, os dias de sol não tinham metade do encanto.
A tranquilidade que transmite neste seu texto, será certamente mais saborosa devido à passagem de intranquilidades no passado.
O desafio é permanecer, assim, tranquilo.

 
At sexta-feira, fevereiro 05, 2010, Blogger Nuno Q. Martins disse...

Cara Celina Rodrigues,

Totalmente de acordo. O desafio é mesmo esse, manter a tranquilidade com a mesma espontaneidade com que se aceitam e enfrentam novos desafios.

Obrigado pelo comentário.

Volte sempre.

 

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