Código da Vivência

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Ainda José Régio...



Este "Cântico Negro" é sublime... Ouvi-o, pela primeira vez, numa aula de Português no Liceu. Tinha 16 ou 17 anos... Na altura, impressionou-me a força e a agressividade das palavras. Mas não entendi algo do poema. Foram precisas algumas vivências para conseguir discernir e partilhar este sentimento tão bem expresso nestas palavras.

E, ainda a propósito de José Régio, evoco aqui outro poema lindíssimo - "Fado Português"- brilhantemente interpretado por Amália Rodrigues e excelentemente recriado pelo projecto Amália Hoje.

Estou viciado...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Poema do silêncio

Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
-Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épi trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!

Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome.
José Régio

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A esperança...

É uma crença emocional na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos e circunstâncias da vida pessoal. A esperança requer uma certa perseverança, i.e., acreditar que algo é possível mesmo quando há indicações do contrário.
in Wikipédia
-
A esperança, enganadora como é, serve contudo para nos levar ao fim da vida pelos caminhos mais agradáveis
La Rochefoucauld

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Música do dia...

Certas músicas marcam certos dias. Hoje, foi esta e partilho-a aqui.
Clicar em cima da imagem.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O equilíbrio.

Cada vez tenho menos certezas sobre a vida. Em nome da sanidade mental, assumo decisões e reconheço o estado de espírito nas convicções, mais ou menos fortes, que versam sobre os desejos, as ambições, os sonhos...
Numa busca incessante do equilíbrio entre a razão e a emoção, algures num sentimento indefinível, situo-me num prisma onde faz frio e calor ao mesmo tempo.

sábado, 10 de outubro de 2009

Confirmam-se...

... "escutas" no Palácio de Belém. :)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Leitura (quase) obrigatória


Os Amigos d´Avenida, em parceria com o Diário de Aveiro, decidiram esmiuçar os programas dos candidatos à autarquia aveirense. Um excelente exercício de cidadania que deve e merece ser esmiuçado aqui pelos eleitores de Aveiro.

Infelizmente, acho que poucos são aqueles que se interessam verdadeiramente pelas questões de fundo. A grande maioria da população vota por simpatia, seja na figura do candidato ou no partido pelo qual concorre. Ainda assim, acho muito bem que se tente contrariar a letargia colectiva e, pelo menos, se obriguem os candidatos a pensar e a desenvolver uma ideia sobre os temas sujeitos à colação. Daqui felicito os Amigos d´Avenida e, como eleitor, agradeço o serviço público prestam.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Eleições vezes três.

Nos últimos tempos, tenho apreciado a dinâmica criada pela sobreposição de eleições no país. É interessante ver as campanhas dos partidos e dos candidatos nas ruas. É engraçado rir com as gaffes dos políticos. É espectacular ver os Gato Fedorento a esmiuçar os sufrágios. É desafiante discernir os bons políticos, daqueles que são assim-assim e dos que... pronto, estavam bem era a colar cartazes. É estimulante descobrir boas propostas nos programas eleitorais. É difícil perceber alguns slogans dos cartazes. É giro ver gente altiva que se esforça por ser simpática. É um exercício intelectual constante o de se tentar encontrar coerência em argumentos que são repetidamente subvertidos. E... é uma grande paródia, é o que é. Mas tem tido, claramente, o efeito na sociedade de a envolver com a política. Ao contrário do que alguns querem fazer crer, acho que a democracia portuguesa, com todos os defeitos que lhe reconhecemos, até está de boa saúde. Merecia, porventura, uma maior capacidade dos seus "líderes". Sobretudo, a capacidade de gerar consensos em matérias que são cruciais e sobre as quais, a nossa experiência e a experiência que nos chega lá de fora já é quanto baste para se ter aprendido alguma coisa.
Enfim, que este pagode provocado por tantas eleições juntas tenha o condão de estimular o sentido crítico de um povo demasiado amarrado a preconceitos e estereótipos. E tão carente de liderança.

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